terça-feira, 31 de dezembro de 2013

ECO 11 - A Balança Corrente

A Balança Corrente é uma das mais importantes rubricas da Balança de Pagamentos.

Na Balança Corrente registam-se as transacções entre residentes e não residentes, associadas ao comércio internacional de mercadorias e serviços e aos rendimentos do trabalho e investimento. Incluem-se, igualmente, os valores correspondentes a mudanças de propriedade sem contrapartidas (transferências unilaterais) devidas a operações correntes.

  1. Balança de Mercadorias

    Na rubrica Mercadorias registam-se fluxos monetários correspondestes às exportações e importações de mercadorias.
    Assim, a uma exportação (saída) de um bem, corresponde uma entrada de divisas que se regista a crédito. Deste modo, as exportações de bens serão sempre créditos, e, ao contrário, as importações de bens serão sempre débitos.
    O saldo calcula-se subtraindo o valor inscrito na coluna dos débitos ao valor inscrito na coluna dos créditos. Se o valor total das importações de um país dor inferior ao valor total das respectivas exportações, o saldo da Balança de Mercadorias é-lhe favorável, pois corresponde à entrada de divisas no país. Diz-se, então, que a Balança de Mercadorias apresenta um superavit.

    Saldo superavitário - Quando a diferença entre os créditos e os débitos é positiva, ou seja, o valor das exportações é superior ao das importações.

    Inversamente, se o valor total das exportações de um país for inferior ao valor total das respectivas importações, o saldo da Balança de Mercadorias é-lhe desfavorável, já que traduz a saída de divisas para o exterior. Dir-se-à, nestas circunstâncias, que a Balança de Mercadorias apresenta um défice ou deficit.

    Saldo deficitário -
    Quando a diferença entre os créditos e os débitos é negativa, ou seja, o valor das importações é superior ao valor das exportações.

    A Balança de Mercadorias portuguesa apresenta tradicionalmente um valor deficitário e tem um forte impacto no saldo da Balança Corrente, constituindo assim o principal motivo do défice desta balança.
Indicadores que se associam à Balança de Mercadorias:

Taxa de Cobertura
É o indicador económico usado para avaliar a situação do comércio externo de mercadorias de um país, que nos mostra em que medida o valor das importações foi pago (coberto) pelo valor das exportações, sendo, normalmente, expressos em termos percentuais.
Valores inferiores a 100% - O valor das exportações não é suficiente para cobrir o que se gastou com as importações (apenas permite pagar parte das importações), sendo necessário utilizar divisas ou contrair empréstimos externos para cobrir o défice.

Valores superiores a 100% - O valor das exportações excede o montante gasto com as importações e o país ainda acumula divisas (ou seja, as exportações cobrem integralmente as importações e ainda se recebem as divisas)

Valor igual a 100%
 - O valor das exportações é igual ao valor das importações; o país não utiliza nem obtém divisas.

Grau de abertura ao exterior (GAE)O GAE mede a importância global da importação e da exportação de mercadorias na economia global de um país, calculando-se através da ponderação do peso das importações e das exportações para o PIB de um país.

Quanto maior for o GAE de um país (expresso em percentagem do seu PIB) maior é a abertura da sua economia ao exterior, isto é, maior é a sua interdependência com outras economias e maior é a quantidade e a fluidez das suas trocas comerciais internacionais.

A Taxa de Câmbio
Como os países têm moedas diferentes as trocas que efectuam pressupõem uma convertibilidade  das moedas, isto é, o valor da moeda nacional em moeda estrangeira.

Divisa - Moeda aceite como meio de pagamento nas trocas internacionais.

A desvalorização da moeda 
As variações cambiais influenciam as trocas comerciais porque têm repercussões nos preços dos bens transacionados. Quando a moeda de um país se desvaloriza, os produtos que esse país vende para o exterior tornam-se mais baratos, gerando um aumento das exportações. Por outro lado, os bens adquiridos ao Resto do Mundo ficam mais dispendiosos, levando assim a uma diminuição das importações. Podemos então concluir que uma desvalorização monetária tem um impacto positivo na Balança de Mercadorias, na medida em que faz aumentar as exportações e diminuir as importações. E acontece o oposto quando há uma valorização monetária, isto é, o impacto na Balança de Mercadorias é negativo porque as exportações diminuem e as importações aumentam.

Balança de Serviços

A Balança de Serviços compreende as transações associadas à prestação de serviços entre residentes e não residentes. Esta balança engloba os serviços, como as viagens e turismo, os transportes, seguros, direitos de utilização como os direitos de autor, serviços de intermediação financeira, comunicações, informática, etc.

A Balança de Serviços portuguesa tem apresentado saldos positivos, essencialmente devido à rubrica de viagens e turismo, que muito tem contribuído para atenuar os saldos deficitários que a Balança de Mercadorias provoca na Balança Corrente. Os saldos calculam-se, conforme vimos na Balança de Mercadorias, obtendo a diferença entre o total de créditos e débitos.

Balança de Rendimentos

A Balança de Rendimentos inclui dois tipos de rendimentos: de trabalho e de investimento.
Na rubrica de rendimentos de trabalho incluem-se os salários e outros benefícios recebidos pelo trabalho prestado num país por indivíduos não residentes a agentes residentes. Quanto aos rendimentos de investimento, resultam da propriedade de ativos financeiros externos ou da emissão de passivos financeiros detidos por não residentes. Esta rubrica compreende os rendimentos de investimento direto, de investimento de carteira e de outro investimento.
A parcela relativa aos rendimentos do trabalho apresenta um valor baixo, já a dos rendimentos de investimento tem um valor significativo na Balança de Pagamentos Portuguesa.
A Balança de Rendimentos é outra balança que tem apresentado saldos negativos, que, embora sejam de valor inferior aos saldos da Balança de Mercadorias, também têm contribuído negativamente para o saldo da Balança Corrente.

Balança de Transferências Correntes

Esta balança é constituída por duas componentes: transferências públicas e transferências privadas.
Nas transferências públicas registam-se apenas as transferências em que um dos intervenientes é o Estado português. Já nas transferências entre particulares, como as remessas enviadas pelos nossos emigrantes e as enviadas pelos imigrantes que trabalham no nosso país ou as transferências entre um Estado estrangeiro e um residente nacional.

Apresenta, normalmente, saldos positivos em Portugal, embora de valor decrescente nos últimos anos, em virtude da diminuição nas remessas dos emigrantes portugueses e, inversamente, o aumento das remessas dos imigrantes, nomeadamente da Europa de Leste e do Brasil.

Conclusão

Fazendo uma análise da Balança Corrente Portuguesa englobando todas as balanças em que esta se subdivide (somando o saldo das balanças de mercadorias, de serviços, de rendimentos e de transferências correntes), podemos concluir que a nossa balança corrente é tradicionalmente negativa, pois importa-se mais do que se exporta como resultado disso, Portugal tem tido necessidade de financiar estes défices sucessivos, utilizando divisas ou recorrendo a empréstimos externos.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O que vai aumentar em 2014

Saúde O valor das taxas moderadoras pagas nos serviços de urgência e por consultas de especialidade nos hospitais volta a subir - as consultas hospitalares passam de 7,5 euros para 7,80 euros.

Eletricidade A fatura de eletricidade dos clientes domésticos vai aumentar 2,8%, o que, numa fatura média de 46,5 euros (com o IVA a 23%), representa um acréscimo mensal de 1,21 euros. Excluídos deste aumento ficam aqueles cujo consumo anual de eletricidade não ultrapassa os 40 KW. Já a taxa audiovisual, aumenta igualmente 40 cêntimos para todos os consumidores.
Para os que estão abrangidos pela tarifa social, o aumento será de 1%, o que corresponde a um acréscimo de 23 cêntimos, numa fatura mensal de 23,5 euros (com o IVA a 23%).

Transportes A par da inflação prevista no Orçamento do Estado, o preço dos transportes públicos vai aumentar, em média, um por cento.
Um aumento maior em relação a 2013, que registou um acréscimo médio de 0,9%, mas estável face aos aumentos de 4,5%, em janeiro de 2011 e 15%, em agosto do mesmo ano, e 5%, em 2012.

Álcool e tabaco No tabaco o aumento será de 15,8 cêntimos e afetará também cigarrilhas, charutos e tabaco de enrolar. Esta inflação é resultado do aumento verificado no Imposto Especial de Consumo que passa de 20 para 25 por cento.

Telecomunicações Falar ao telefone e navegar na internet vai também sair mais caro - tanto a Zon como a PT vão aumentar os tarifários para a rede fixa já a partir de janeiro, enquanto a Vodafone só vai agravar os preços no mês seguinte.

Carros a gasóleo A tributação para os carros a gasóleo vai aumentar. A inflação do Imposto Único de Circulação (IUC) pode ir dos 1,39 aos 68,85 euros, e varia consoante a idade do veículo e a cilindrada. O Governo espera arrecadar 56 milhões de euros com esta medida. Em Portugal, mais de 70% dos carros vendidos são a diesel.

Habitação As rendas em 2014 serão atualizadas e os aumentos irão refletir-se em 1%. As atualizações poderão ser feitas já a partir de dia 1, mas tudo dependerá do senhorio.


sábado, 21 de dezembro de 2013

ECO11 - O Registo das Relações Económicas com o Resto do Mundo - a Balança de Pagamentos

A Contabilidade Nacional também observa as relações que se estabelecem ao nível do comércio internacional, procedendo ao registo das operações económicas realizadas entre os diversos agentes. Os fluxos de entrada e de saída entre um país e os restantes são registados a crédito ou a débito na Balança de Pagamentos - documento onde se registam as trocas de bens, serviços e capitais entre uma economia e o Resto do Mundo.




A Balança de Pagamentos decompõem-se em três: Balança CorrenteBalança Capital e Balança Financeira. Mas a Balança de Pagamentos inclui ainda uma rubrica, denominada erros e omissões, que serve para registar as divergências nos fluxos decorrentes da diferença de conceitos e de fontes de informação. Esta rubrica destina-se a corrigir os desvios ocorridos nas Balanças Corrente, de Capital e Financeira.

O registo das trocas é feito a débito e a crédito, isto é, registam-se respetivamente, a débito as saídas de capitais (importações) e a crédito a entrada de capitais (exportações)


SALDO = CRÉDITOS - DÉBITOS

Se débito > crédito: a balança é deficitária ou negativa
Se débito < crédito: a balança é supervitária ou positiva
Se débito = crédito: a balança é equilibrada

  • O Saldo da balança de pagamentos é sempre 0 (zero)
    (Saldo B.Corrente + Saldo B.Capital + Saldo B.Financeira + Erros e Omissões = 0)
Síntese dos componentes da Balança de Pagamentos e de alguns saldos
  • Balança Corrente
    Inclui os fluxos monetários relativos às trocas de mercadorias (ex: máquinas), serviços (ex:turismo), rendimentos do trabalho (ex: salários pagos a um residente português no estrangeiro), e de investimento (ex: lucros reinvestidos e dividendos) e transferências correntes (ex: remessas dos emigrantes e dos imigrantes)
  • Balança de Capital
    Inclui os fluxos não correntes de capitais entre um país e o Resto do Mundo como os recebimentos de capital da União Europeia ou os fluxos associados à cooperação entre os Estados; patentes, franchises e contratos de transferências de jogadores de futebol, por exemplo.
  • Balança Financeira
    Inclui os fluxos financeiros relativos a operações de investimento (como o investimento directo ou outros fluxos financeiros).
  • Saldo da Balança Corrente
    Inclui os saldos das balanças de mercadorias, de serviços, de rendimentos e o saldo das transferências correntes.
  • Saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital
    Em termos simples e aproximados, representa a capacidade ou necessidade de financiamento de um país; ou seja, se um país é, respectivamente, credor ou devedor em relação ao Resto do Mundo.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

ECO11 - Relações Económicas com o Resto do Mundo

"Trocar bens, serviços e capitais com os outros países é uma prática constante e indispensável à satisfação das necessidades da população."
Comércio interno e externo
Para satisfazermos as nossas necessidades, temos de adquirir os bens e os serviços capazes de realizar essa satisfação. O comércio é a actividade de compra e venda que permite pôr à disposição do consumidor os bens e os serviços que ele deseja consumir.
Quando o consumidor dispõe desses bens no mercado do seu país, diremos que a sua aquisição corresponde a um acto de comércio interno; quando tal não for possível, sendo necessário recorrer a compras entre empresas pertencentes a países diferentes, diremos que se trata de comércio externo.

Podemos, então, falar de comércio a dois níveis:

  • Comércio interno, quando os agentes económicos intervenientes pertencem ao mesmo país;
  • Comércio externo, quando os agentes económicos intervenientes pertencem a países diferentes.
Comércio externo e internacional
A possibilidade de adquirir um bem que não foi fabricado em Portugal mostra que existem relações comerciais entre o nosso país e o Resto do Mundo. Resto do Mundo é a designação dada ao agente económico constituído pelo conjunto das economias com as quais um país tem relações de troca de mercadorias, serviços e capitais.
  • Comércio internacional, é o comércio realizado entre países
  • Comércio externo, é o comércio realizado entre um país e outro.
Razões pelo qual existe comércio externo:
  • A Produção nacional é insuficiente para assegurar o comércio interno;
  • O produto não é produzido no país;
  • Apesar do produto ser produzido no país, importá-lo é mais benéfico uma vez que é mais barato ou de melhor qualidade.
As relações económicas internacionais justificam-se com base nos seguintes factores:
  • Divisão internacional do trabalho (DIT) - Divisão das actividades económicas entre os países do mundo, de acordo com a dotação dos seus factores produtivos. Os países especializam-se na produção dos bens para os quais têm vantagens (absolutas ou relativas), em troca de outros em que não apresentam essas vantagens. Assim, os países mais desenvolvidos produzem bens tecnologicamente mais sofisticados, à base de capital, enquanto os países mais atrasados produzem bens agrícolas menos elaborados e à base de mão-de-obra. As trocas resultam desta complementaridade na produção.
  • Estratégia de crescimento económico Ao produzirem-se bens, de acordo com as vantagens de cada país, estes aumentarão a sua produção, o seu rendimento e o seu bem-estar. O comércio aparece, pois, como uma estratégia de crescimento.
  • Globalização - Fenómeno social, económico e cultural resultante da expansão das economias a nível mundial. O alargamento das relações económicas entre os países que é um factor incompatível com o isolamento comercial.

Conclui-se, portanto, que:
  • O comércio entre povos tem por base a necessidade de consumir outros bens de que os países não dispõem ou que são produzidos a custos mais elevados;
  • As trocas entre os países são de natureza diversa, abrangendo mercadorias, serviços e capitais.

4/10 portugueses sem dinheiro


"Não sobra nada depois de pagar contas mensais."

"Quatro em cada dez portugueses ficam sem dinheiro, depois de pagar as contas, segundo um estudo da Intrum Justitia, o Consumer Payment Report, divulgado ontem. Cerca de 29% admite não ter dinheiro suficiente para ter uma vida digna.
A maioria dos portugueses paga primeiro a prestação da casa, os seguros e os impostos. Para trás, ou seja, em atraso, ficam os pagamentos das facturas da energia ou dos telemóveis, revela o estudo internacional dedicado aos hábitos de pagamento."

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Transportes aumentam 1% em Janeiro




"O preço dos transportes públicos vai aumentar, em média, 1% em Janeiro de 2014, em linha com a inflação prevista no Orçamento do Estado, avançou nesta segunda-feira à Lusa o secretário de Estado dos Transportes."

domingo, 15 de dezembro de 2013

Fatura de eletricidade dos consumidores domésticos vai subir


"A fatura de eletricidade dos consumidores domésticos vai aumentar 2,8% a partir de Janeiro de 2014.
A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos confirma, assim, a atualização da tabela de preços que tinha sido apresentada a 15 de Outubro. A subida média de 2,8% no preço da eletricidade vai traduzir-se num aumento de 1,20€, por mês, numa fatura média de cerca de 46€"

Fonte: Sic Notícias

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O que mudou nas famílias portuguesas nos últimos 50 anos?


Nos últimos 50 anos podemos verificar que a dimensão média das famílias diminuiu. Cada vez há mais famílias com menos de 5 elementos, mais pessoas a viverem só ou casais que optam por não ter filhos. As famílias monoparentais aumentaram, enquanto os casais com filhos diminuíram. Estes acabam por ser os factores que justificam a diminuição da dimensão média das famílias.