domingo, 12 de janeiro de 2014

ECO11 - Balança de Capital & Balança Financeira

Balança de Capital

A Balança de Capital é outra das rubricas da Balança de Pagamentos, onde se registam as transferências de capital entre um país e o Resto do Mundo que não tenham um carácter corrente (como no caso das transferências correntes que se registam na Balança Corrente) e que não constituam  fonte de financiamento da actividade económica (como o investimento directo estrangeiro, que se regista a Balança Financeira).

Na Balança de Capital registam-se, por exemplo, os fluxos provenientes da União Europeia, como os recebimentos de capital relativos à execução dos Quadros Comunitários de Apoio, que representam, praticamente, a totalidade da rubrica. Registam-se, ainda, nesta balança, a compra e venda de patentes, licenças, copyrights, franchises, marcas (ativos não tangíveis), transacções sobre activos, como a aquisição de terrenos por embaixadas e ainda outros contratos transferíveis, como os contratos de "transferências" de jogadores de futebol.

De notar que os recebimentos de capital para investimento, provenientes do Fundo de Coesão, do FEOGA - Orientação e do FEDER, são registados na Balança de Capital, enquanto os recebimentos correntes são registados na Balança Corrente. Assim, por exemplo, se os fundos se destinarem ao reequipamentos/modernização da nossa frota pesqueira, serão contabilizados como recebimentos de capital, na Balança de Capital; todavia, se se destinarem ao abate da frota pesqueira e a subsídios aos pescadores, serão registados como recebimentos correntes, na Balança Corrente.

Os fluxos financeiros provenientes da UE têm representado uma grande oportunidade para a modernização da economia portuguesa.

A Balança de Capital, quando analisada de forma isolada tem apresentado saldos positivos. Mas, vista em conjunto com a Balança Corrente, revela um saldo negativo, que se explica pelo facto de o saldo negativo da Balança de Corrente corresponder em termos absolutos, a um valor bastante mais elevado do que o saldo positivo da Balança de Capital.

O resultado do somatório dos saldos da Balança Corrente e da Balança de Capital permite avaliar a existência de uma necessidade de financiamento externo ou de um excesso de liquidez por parte da nossa economia em relação ao Resto do Mundo. No caso de o saldo ser negativo, isso significa que há necessidade líquida de financiamento externo, fazendo com que o país necessite de recorrer a capitais estrangeiros para se financiar (o que agrava, por consequência, a sua divida externa); por outro lado, quando o saldo é positivo, acontece o contrário, isto é, o pais tem capacidade líquida para financiar o exterior, colocando então o seu capital à disposição do Resto do Mundo.

A Balança Financeira

A Balança Financeira regista as transações com não residentes relativas à mudança e propriedade de ativos e passivos financeiros do exterior.

A Balança Financeira inclui, assim, todos os fluxos associados à mudança de titularidade de ativos e passivos financeiros, entre agentes residentes e agentes não residentes num país, bem como os fluxos de criação e extinção de ativos ou passivos financeiros sobre o Resto do Mundo.

A Balança Financeira é constituída por 5 rubricas:
  • Investimento Directo: esta categoria de investimento diz respeito ao investimento de agentes de um país sobre empresas de outros países. Assim, regista-se a crédito o investimento directo do exterior em Portugal (IDE), como a aquisição ou criação de empresas no nosso país por parte de agentes não residentes, e inscrevem-se a débito os fluxos referentes ao investimento de Portugal no exterior, como a compra ou criação de empresas no Resto do Mundo.
  • Investimento de Carteira: esta rubrica abrange as transações com não residentes em ações e outras participações e em títulos de dívida. Incluem-se os fluxos relativos às transações de produtos financeiros efectuadas entre agentes residentes e não residentes, como, por exemplo, a aquisição, por parte de não residentes,de valores mobiliários (ações, obrigações) na bolsa de valores portuguesa ou quando os agentes residentes adquirem produtos financeiros nas bolsas de valores ao Resto do Mundo.
  • Derivados financeiros: englobam as transações entre residentes e não residentes de derivados financeiros, como os futuros ou as opções de compra e venda. Estes produtos financeiros permitem antecipar o preço dos ativos passivos a comprar ou a vender no futuro, mediante um determinado pagamento.
  • Outro investimento: nesta rubrica registam-se todas as transações financeiras efetuadas entre os agentes de vários países não abrangidas pelas restantes categorias.
  • Ativos de reservas: esta rubrica serve para registar as transações em moeda estrangeira efectuadas pelas autoridades monetárias, como o Banco de Portugal. Para serem considerados ativos de reservas, os ativos têm de ser relativos a não residentes da Área do Euro e têm de ser expressos em moedas de países de fora dessa área.
Através do saldo da Balança Financeira é possível verificar a capacidade e necessidade de financiamento externo de uma economia, consoante esse saldo for, respectivamente, positivo ou negativo.

Se o saldo da Balança Financeira for negativo, diremos que a economia tem capacidade líquida de financiamento externo; se o saldo for positivo, diremos que essa economia tem necessidade líquida de financiamento externo;

A relação atrás definida, é de sinal contrário à que foi definida em relação ao saldo conjunto das Balanças Corrente e de Capital. 

Assim, se o saldo da Balança Financeira for negativo, então, o saldo conjunto da Balança Corrente e de Capital será positivo e de igual valor. O mesmo se passará quando o saldo da Balança Financeira for positivo.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

As relações de Portugal com a U. E. e com o Resto do Mundo

A Comunidade Económica Europeia (CEE) foi uma organização internacional criada com a finalidade de estabelecer um mercado comum europeu. Em 1986, Portugal aderiu a CEE com o seu país vizinho, a Espanha, com o objetivo de ultrapassar a sua situação económica.


Total das Importações e Exportações Portuguesas
A partir do seguinte gráfico, podemos afirmar que, após a adesão à CEE, tanto as importações como as exportações têm uma tendência para aumentar.
Podemos verificar que, de 1986 a 2001, houve um acréscimo nas importações de 42 746,7 milhões de euros. Verificamos, depois, no ano de adesão ao Euro, um decréscimo, não muito significativo de, aproximadamente, 2 000 milhões de euros, até 2003, aumentando, novamente, em 2004, cerca de 5 000 milhões de euros. Até 2008, observamos, sempre, um aumento, chegando aos 71 766,8 milhões de euros, para, depois, presenciarmos uma drástica descida para os 58 386,1 milhões de euros, no ano seguinte. Em 2010, verificamos um novo aumento de, mais ou menos, 8 000 milhões de euros. 
Já nas exportações, verificamos, também, um pequeno aumento no ano de adesão à CEE e, até 2008, assim continuamos. Passando dos 6 587,7 milhões de euros (1986) para os 49 781,4 milhões de euros, podemos dizer que houve um aumento quase tão significativo quanto nas importações. De 2008 para 2009, testemunhamos uma diminuição de, aproximadamente, 8 000 milhões de euros. Em 2010, alcançamos os 47 894,0 milhões de euros.


Portugal exporta, essencialmente, para Espanha, Alemanha e Outros países, encontrando-se Bélgica em 10º lugar. Exportamos, também, para Angola, EUA, Marrocos e China, sendo estes destinos fora da União Europeia.
Sendo os países dos quais importamos os mesmos países para os quais exportamos (Espanha, Alemanha e Outros países), podemos, apenas, reformular a posição da Bélgica que passa para 9º lugar.



   
Ao observar o quadro, podemos concluir que, entre 2000 e 2012, tanto as importações como as exportações aumentaram.
A Alemanha teve um aumento significativo nas exportações nos últimos 12 anos. Em 2000, o saldo efectuado com as exportações era de 683.550,0 milhões de euros, aumentando até 2008 para 1.191.190,0 milhões de euros. De 2008 para 2009, as exportações diminuíram e voltaram a aumentar em 2010. Em 2011, as exportações voltam a cair, sendo o saldo efectuado com estas de 1.
321.430,0 milhões de euros. De 2011 para 2012, as exportações sofrem um ligeiro aumento.
As importações aumentaram até 2008, havendo a partir deste ano, até 2012, algumas oscilações nas despesas com as importações. Em 2009, a despesa com as importações era de 891.370,0 milhões de euros, havendo um aumento da despesa em 2010 (em relação a 2009) e um consecutivo aumento em 2011. De 2011 para 2012, as importações voltam a diminuir, sendo a despesa com as importações em 2012 de 1.223.120,0 milhões de euros.


Os 3 principais clientes da Alemanha são a França, os EUA e a Holanda. Em 24º lugar, como cliente, encontra-se Portugal. A Holanda, a China e a França são os principais países fornecedores de bens e serviços à Alemanha. Portugal, encontra-se em 30º lugar como fornecedor deste país.

A partir do quadro acima apresentado, podemos observar que, tanto as importações como as exportações aumentaram (no período de 2000 até 2012), embora não tenha sido um aumento tão significativo em comparação com a Alemanha.
O saldo das exportações da Bélgica aumentou até 2002 cerca de 8.675,0 milhões de euros. De 2002 para 2003, houve uma diminuição das exportações e em 2004, as exportações voltaram a aumentar até 2008 obtendo um saldo de 292.446,0 milhões de euros. As exportações voltaram a diminuir em 2009, cerca de 41.411,0 milhões de euros. O saldo das exportações voltou a aumentar em 2010 até 2012, alcançado um saldo de 323.734,0 milhões de euros em 2012.
Em relação às importações, estas aumentaram de 2000 para 2001 (cerca de 2.846 milhões de euros) e em 2001 as importações diminuíram até 2003, obtendo em 2003 uma despesa de 189.248,0 milhões de euros. Até 2008, as importações voltaram a aumentar significativamente. As importações voltaram a cair ligeiramente, de 2008 para 2009. A partir de 2009 até 2012, as importações aumentaram, existindo uma despesa de 319.587,0 milhões de euros.



Bélgica tem como principais clientes a Alemanha, a França e a Holanda. Portugal, em relação aos outros países, é o 25º cliente da Bélgica. Os principais países fornecedores são a Holanda, a Alemanha e a Franca, encontrando-se Portugal em 35º lugar como fornecedor deste país.




Em suma, Portugal, em relação aos países analisados, encontra-se numa posição muito baixa, tanto em cliente como em fornecedor.
Com o que observamos, podemos, também, afirmar que o saldo da Balança de Mercadorias é deficitário.
Em relação à Alemanha, observamos que é um país mais favorecido, tendo um saldo superavitário na Balança de Mercadorias. A Bélgica fica um pouco atrás da Alemanha, mas, ainda assim, consegue-se destacar. O facto de estes países fazerem parte da União Europeia permite que entre si possam trocar bens e serviços sem a utilidade de um acordo prévio.



Trabalho Realizado por: Sara G. & Susana L.

Fontes utilizadas: 
http://www.pordata.pt/
- https://docs.google.com/viewer?a=v&pid=sites&srcid=aWxkYWRpbmlzLm5ldHx0b3F1ZS1kZS1lbnRyYWRhfGd4OjdhOTcxNmNiOWYxZjkyOWI
- http://www.portugalglobal.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=%7B15445E17-7BBC-447F-A6D1-0A2F2F4370FC%7D
- http://www.portugalglobal.pt/PT/Biblioteca/Paginas/Detalhe.aspx?documentId=%7B589917A1-3C3D-4209-B599-F6B0773765AB%7D

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

O Economista Natural - em busca de explicações para enigmas do quotidiano

"Por que razão é o leite vendido em embalagens rectangulares, enquanto os refrigerantes surgem em recipientes cilíndricos?"

"Praticamente todos os recipientes para refrigerantes, quer de alumínio quer de vidro, são cilíndricos, mas as embalagens de leite são quase transversalmente rectangulares. Se esta forma utiliza o espaço das prateleiras mais economicamente do que a cilíndrica, por que razão os produtores de refrigerantes não optam por ela? Uma possível explicação diz que, como os refrigerantes são frequentemente consumidos directamente da embalagem, o custo extra de armazenar embalagens cilíndricas é justificado pelo facto de serem mais fáceis de agarrar. Isto não é tão relevante no caso do leite, que não costuma ser consumido directamente da embalagem.
No entanto, mesmo que a maior parte das pessoas o fizesse, o principio do custo-benefício sugere que seria improvável vermos este produto à venda em embalagens cilíndricas. Embora as rectangulares economizem espaço na prateleira, independentemente do que contenham, o espaço que poupam é mais valioso no caso do leite. Nos supermercados, os refrigerantes são, regra geral, guardados em prateleiras abertas, baratas e com custos operacionais baixos. Já o leite armazena-se exclusivamente em espaços refrigerados, cujos custos de aquisição e operação são elevados. Neste caso, o espaço tem um custo acrescido, o que gera benefício adicional de embalar o leite em recipientes rectangulares"

"Por que razão as peças de roupa femininas abotoam sempre pela esquerda, enquanto as masculinas o fazem sempre pelo lado direito?"

"Não é surpresa que os fabricantes de vestuário adiram a determinadas normas no que respeita às características das peças de roupa adquiridas por um mesmo grupo de consumidores. O que parece estranho é que o padrão adoptado para as mulheres seja precisamente o oposto do seguido para os homens. Se a escolha fosse completamente arbitrária, não haveria mistério. Acontece, porém, que a regra em uso para os homens parece também fazer sentido para as mulheres. Afinal, aproximadamente 90 por cento da população mundial - masculina e feminina - é dextra, sendo-lhe mais fácil abotoar as roupas com esta mão. Assim sendo, por que razão as peças de vestuário feminino abotoam a partir da esquerda?
Trata-se de um exemplo de como a história pode realmente ser importante. Quando surgiram, no século XVII, os botões utilizavam-se apenas no vestuário dos mais ricos. Nessa época, era costume os homens vestirem-se a eles próprios e as mulheres serem vestidas por criadas. O facto de as roupas femininas abotoarem a partir da esquerda facilitava a vida às criadas dextras com aquela incumbência.
No caso dos homens, o contrário fazia sentido não apenas porque a maior parte se vestia a si própria, mas também porque reduzia a probabilidade de uma espada retirada com a mão direita a partir da bainha na perna esquerda ficar presa na camisa.
Se hoje praticamente nenhuma mulher é vestida por uma criada, por que motivo o abotoar a partir da esquerda é ainda o padrão convencional nas suas roupas? A norma, uma vez estabelecida, resiste à mudança. Na época em que todas as camisas femininas abotoavam pela esquerda teria sido arriscado para um fabricante apresentar o contrário. Afinal, as mulheres acostumaram-se a vestir-se daquela forma e teriam de desenvolver novos hábitos e habilidades para se adaptar à mudança. Para além desta dificuldade prática, algumas poderiam sentir estranheza ao aparecerem em público usando, por exemplo, camisas que abotoavam pela direita, visto que seria possível pensar que eram homens"

"Porque razão a prática de dividir a conta faz com que as pessoas gastem mais dinheiro nos restaurantes?"

"Os amigos que jantam fora juntos costumam dividir a conta por todos de forma igual. Para os empregados, é mais fácil apresentar um único recibo do que passar um para cada cliente, além de que, assim, não têm de tentar identificar os pedidos de cada pessoa para calcular a respectiva despesa. Não obstante, há muita gente que se opõe a esta prática porque quem escolhe pratos e bebidas mais baratas é forçado a pagar mais do que o custo do que comeu e bebeu. Esta não é, porém, a única consequência que se pode considerar desfavorável desta prática, pois ela gera um incentivo para uma pessoa gastar mais do que o faria no caso de as contas serem separadas. A que se deve esse efeito?
Considere-se um grupo de 10 amigos que concordam antecipadamente dividir por igual a conta de um jantar num restaurante. Suponha-se que um deles está a tentar decidir-se entre a dose normal de costeleta especial de vaca, que custa 20 dólares, e a grande, por 30. Assumamos ainda que o benefício adicional da porção maior vale para ele mais cinco dólares do que a mais pequena. Se estivesse a comer sozinho, este indivíduo iria pedir o prato de tamanho normal porque os cindo dólares do benefício adicional do maior são inferiores aos 10 do custo extra que a escolha implica. No entanto, visto que o grupo concordou em dividir a conta em partes iguais, encomendar a porção maior irá fazer aumentar a sua parte em apenas um dólar (a décima parte dos 10 dólares a mais relativos ao que ela custa). Visto que a mesma vale para ele os cinco dólares a mais, irá pedi-la.
Os economistas consideram tais decisões ineficientes porque o ganho líquido de quatro dólares que uma pessoa obtém ao pedir a porção maior (os cinco adicionais, que são o valor que dá a esta escolha, menos o dólar extra que terá de pagar no final do jantar) é menor do que a perda líquida imposta ao resto do grupo (os nove dólares de aumento no montante total que eles pagam devido ao facto de o seu amigo escolher uma dose maior).
Embora a divisão da conta possa ser injusta e ineficiente, é improvável que a prática desapareça. Afinal, as perdas que dela resultam são habitualmente pequenas, e a transacção torna-se mais fácil para todos."